Um emo metaleiro e um emo alternativo em um poema florentino
Motivação, poder, família, dor, Divina Comédia, um emo surfando em um míssil no ar, sistemas divertidos e complexos, chefes que te forçam a usar tudo que aprendeu, rock e uma colegial com armamento que nem o exército brasileiro tem, essas coisas compõem Devil May Cry 3: Dante's Awakening. Sendo um dos maiores marcos da história da Capcom, temos no pacote o jogo que revolucionou o subgênero que ele mesmo criou, com uma perfeição que até hoje é difícil de superar, tornando-se um dos maiores clássicos da empresa. Apesar da complexidade do jogo ao explorar seus sistemas ou a dificuldade excessiva no PlayStation 2, uma fandom gigante foi criada pela franquia, que acabou consolidando-se no terceiro título ao ponto de existirem diversos vídeos dos fãs reunindo-se para cantar alguma das músicas ou fazer os combos mais impossíveis que conseguem imaginar.
Devil May Cry 3 provavelmente seja um dos maiores clássicos do mundo dos jogos no geral e será mesmo que ele merece todo esse amor e título? Para iniciar a aba de jogos aqui no [site], nada melhor do que fazer isso com muito estilo com uma review geral da primeira aventura cronológica do nosso meio demônio metaleiro favorito.
Após o "fracasso" de Devil May Cry 2 graças a uma lista enorme de fatores que deixaram o jogo extremamente fraco, a franquia estava com um olhar bem ruim. Dante, com sua personalidade alterada para alguém sério não convenceu, as duas campanhas não valeram a pena, e dá para fazer um blog inteiro falando dos motivos disso, coisa que até mesmo diversos vídeos fazem. Devil May Cry 3 era um jogo sem grandes esperanças para ser bom, com muitos fãs desistindo do título principalmente pelo envolvimento de Itsuno, que teria trabalhado com Devil May Cry 2 (durante o final do projeto, ficando sem liberdade), o que acabou dando um enorme senso para equipe fazer o melhor trabalho possível. Nos jogos anteriores, sempre era citado de maneira bem rasa o passado dos filhos de Sparda, com pouquíssima participação de Vergil, que sempre estava possuído ou alguma coisa do tipo, o que acabou criando caminho para ser feito um prólogo da franquia no qual veríamos um Dante adolescente ainda no início da sua carreira, com a equipe ganhando liberdade para desenvolver então os temas que antes eram apenas o pano de fundo. Então, como já sabemos o que resultaria quando Itsuno decidiu provar sua qualidade e marcar a franquia para sempre, iremos falar agora sobre seus temas.
Um dos temas mais importantes e interessantes em Devil May Cry 3 certamente pertence ao Vergil, com seus diversos discursos sobre isso que marcaram vários jogadores. O filho mais velho de Sparda viu sua mãe e pai sendo mortos sem poder fazer nada para protegê-los e ainda sendo caçado por demônios durante muito tempo. Isso tudo acabou gerando um grande trauma nele que percorre durante sua vida toda, sempre sentindo a dor daquele dia, fraco e sem poder suficiente para proteger quem ele amava. Para lidar com isso, Vergil, no seu consciente, decidiu então seguir os passos do seu pai, Sparda, e pesquisar sobre tudo em volta dele, usando apenas os mesmos métodos e vestimentas que ele, a fim de abraçar totalmente seu lado demônio. Então, Vergil inicia sua jornada eterna pelo poder que ele precisava para superar seus traumas e dores, concluindo então isso com sua nova filosofia, a qual ele estava mais disposto que tudo para provar.
Apesar dessa sua busca toda, Vergil ainda se sentia fraco e perseguido pelas memórias, o que o fez criar mais uma camada extremamente importante para o tema de Devil May Cry 3: a motivação. Vergil sabe que por dentro ele nunca vai ser igual Sparda ou ter o poder que desejava para proteger aqueles que ama, então, para superar isso, acaba criando dentro de si uma enorme motivação baseada em seu passado. Motivado, Vergil consegue usar todos seus problemas como força para consolidar então toda sua dor justamente no que ele quer: mais poder. Derrotar Dante e trazer o inferno para a Terra significa alcançar Sparda, ter força suficiente para superar seus traumas e então controlar tudo. Vergil não é alguém mau e nem vilão, ele apenas quer conseguir poder para comprovar suas motivações. Lidar com situações traumáticas faz alguém se agarrar em algo para superá-las, e ele faz justamente isso. Sua humanização, apesar de parecer recente, sempre esteve lá, e é no embate entre os filhos de Sparda que fica exposto isso do modo mais convincente possível. Fica fácil entender suas motivações e objetivos, e isso até melhora quando podemos olhar o mangá de Devil May Cry 5 que mostra como Vergil se sentia durante todos esses anos.
Devil May Cry 3 então trabalha todos esses aspectos em Vergil de ótimo modo, indo desde o visual para uma luta extremamente divertida contra ele e diálogos que deixam tudo extremamente definido. A temática da busca do poder e como lidamos com nossos traumas é constante durante o jogo, Vergil consegue deixar bem claro o que quer transmitir em absolutamente tudo que faz, entregando um ótimo rival que realmente mudou toda forma dos jogos pensarem e produzirem seus rivais (tem até mesmo um nome para essa "síndrome). Servindo como além de uma ferramenta do roteiro, Vergil consegue ser um bom personagem.
Em contra partida de Vergil, Devil May Cry 3 tinha como objetivo mostrar o início de como Dante se tornou um dos personagens mais icônicos da indústria pelo seu gigantesco carisma, sem contar todo aquele seu lado emo no jogo antecessor. Mesmo "sabendo" o que basicamente aconteceu entre os filhos de Sparda, Itsuno e sua equipe nos surpreendem apresentando uma das melhores versões de Dante que casou perfeitamente com os outros jogos, principalmente tematicamente. Aqui o acompanhamos no início da sua carreira, sendo um adolescente que adora tirar sarro de tudo e usar seu sarcasmo ou boas tiradas como autodefesa. Ao invés de buscar poder como Vergil, Dante, sabendo o rumo que sua vida iria tomar, simplesmente decidiu aproveitá-la do melhor jeito possível, divertindo-se com seu trabalho de matar demônios da melhor maneira possível. Dante não segue nenhuma moral de armas como Vergil, então ele acaba compondo seu arsenal com armas de fogo e outros tipos durante sua jornada, humilhando assim seus inimigos.
Porém, lembra do que eu disse sobre autodefesa? Então, aí que entra um dos temas de Devil May Cry 3 que inclusive é até uma das músicas temas do jogo (Devil's Never Cry). Dante viu sua mãe sendo morta por demônios na sua frente enquanto ela tentava salvar Vergil, não podendo fazer nada no processo e acabou passando pelas mesmas situações que ele durante sua infância. Dante, ao invés de procurar forças no poder de seu pai, criou uma persona (uma máscara social que todos temos e demonstramos para sociedade) para se defender dos traumas e lidar melhor com a situação. Dante age sempre tirando sarro das coisas, fazendo piada sobre quem enfrenta ou sem levar as situações a "sério" para se proteger da dor que sente e pelos problemas que ele tem, usando toda diversão que tem nas situações como uma armadura impenetrável. Dante realmente se sente mal pelo seu irmão, pelas coisas que acontece e por suas fraquezas internas, mas soube como canalizar isso de um modo saudável de lidar (mesmo que isso machucasse muito por dentro), abrindo-se mais conforme os jogos passam e vemos alguns momentos dele sério (vulgo Dante "tiozão"). Não desistindo da sua humanidade e carregando o melhor lado da alma de Sparda, Dante acabou criando um bom senso justiceiro que se difere do seu irmão. Essas coisas misturadas então acabam formando seu caráter, mas, afinal, os demônios podem chorar?
Esconder a dor e o que sentimentos é algo normal na sociedade e nas nossas vidas que compõem o consciente. Muitos podem usar isso como autodefesa ou apenas por quererem não ser incomodados (até eu entro nesse meio). Mas o que Devil May Cry faz com isso ao usar Divina Comédia de Dante Alighieri como base até mesmo na sua mitologia? Simples, mistura o Power Fantasy (fantasia de poder criada para nos sentirmos superiores) com questões comuns na adolescência. Abordando isso de um modo tão direto e bem-executado, vemos no final que não tem nada de errado em mostrar seus sentimentos, demônios podem chorar e se sentir mal por algo. Dante, ao aceitar isso, evolui como pessoa e constrói um pouco mais da sua personalidade conforme os jogos passam e fica até mesmo mais forte (em Devil May Cry, a humanidade tem algo que os demônios não possuem e isso é justamente o motivo de Dante e Vergil serem tão poderosos) nos quais ele tem mais momentos abertos ao invés de ser apenas uma fonte de humor épico. Isso é uma coisa que casa com os outros jogos perfeitamente e deixa Devil May Cry 3 até mesmo profundo tematicamente, o que mostra uma certa diferença que apenas jogos podem fazer graças à boa gameplay ao nos apegarmos e ficarmos convencidos com a forma que Dante apresenta de lidar com os sentimentos.
Dante, assim como Vergil e Lady (a qual já vou falar sobre), é definitivamente um personagem bem-escrito. Seu carisma e temas além do desenvolvimento são bem óbvios e definidos durante os jogos inteiros, mesmo que primeiramente ele só pareça um personagem divertido. Devil May Cry 3, por ser o primeiro cronológico depois de dois jogos confusos entre quem é de fato o "Cooler Devil Hunter", teve uma ótima chance de definir um personagem icônico e fazer uma das melhores versões dele, cumprindo justamente as expectativas dos fãs, sendo então um ótimo exemplo para listar de boas "prequels" que melhoram a franquia em tudo.
Apesar de Dante e Vergil serem com quem jogamos, na real Lady é a verdadeira "protagonista" da história de Devil May Cry 3, com o maior desenvolvimento durante a campanha toda, o que pode ser estranho falar isso agora, mas acompanhem o que vou dizer: Lady é quem narra a história de modo não expositivo e a vemos acompanhando os filhos de Sparda e também sua lenda que o pai tanto contava. Temos uma diferença de ponto de vista bem grande aqui e, apesar de não jogarmos com ela, isso acaba funcionado muito bem. Lady é quem mais sofre desenvolvimento durante o jogo todo, acompanhamos mais coisas dela do que Dante em si praticamente. Nossa waifu de bazuca pode não ser a personagem ativa da trama, mas definitivamente é quem protagoniza essa história e se desenvolve nela, servindo até mesmo de motivação para Dante aceitar sua humanidade.
Mary é apresentada como uma personagem emotiva em busca da sua vingança contra seu pai, Arkham, que havia matado sua mãe e uma série de pessoas inocentes para poder virar um demônio. Isso criou nela um rancor tremendo pelas criaturas, fazendo-a virar uma Devil Hunter que partiu para Temen-ni-gru apenas para conseguir sua vingança. Mary tem ódio de Dante e não consegue entender suas boas ações envolvendo sua família e o porquê de ele querer ajudar e se importar com ela, mesmo sendo um demônio. Sua mudança de ponto de vista começa apenas na metade do jogo, quando ela encontra seu pai "morto" que, em suas últimas palavras, disse ter sido manipulado por Vergil. Apesar das suas habilidades e sentimentos fortes, Mary era uma garota inocente que confiou em Arkham para justamente ser usada de sacrifício como sua mãe. Ela estava mentalmente fragilizada, sem saber o que fazer e querendo apenas matar de fato o seu pai, aceitando a ajuda do nosso caçador de demônios após uma batalha. Mas é só após Arkham ser derrotado e finalizado por Dante e Vergil que Mary de fato vira a Lady que conhecemos, chorando após matá-lo para finalmente aceitar as coisas, tanto que, depois disso, ela faz uma grande amizade com o emo metaleiro.
Um dos fatores que ajudaram para esse desenvolvimento foi Lady aparecendo nos outros jogos da franquia e evoluindo consideravelmente. Ela deixa de ser aquela colegial "e-girl" para virar alguém forte que sabe lidar melhor com as coisas e quer ajudar os outros (como no final de Devil May Cry 5, no qual fala para Nero não matar seu pai). Apesar de parecer simples, isso constrói e desenvolve bastante a personagem e deixa tudo divertido de se ver, e com Devil May Cry 3 usando Lady para demonstrar suas temáticas de família até o tema é mais desenvolvido por causa dela.
Devil May Cry 3, assim como a franquia toda, apresenta um enredo simples que não se leva a sério e ainda tira sarro de si mesmo em muitos momentos, dando oportunidade para cenas de ação ridículas que se tornam um espetáculo. Porém, aqui temos algumas diferenças que acabam tornando a primeira aventura de Dante única em comparação ao resto, principalmente no quesito de qualidade. Devil May Cry 3 não tenta ser gótico ou se levar a sério demais ao ponto de parecer algum dos seus antecessores, pelo contrário, temos uma história dinâmica que sabe os temas dela, sabe o que faz de melhor e o que desenvolver entre seu pequeno elenco de personagens. Isso faz com que, apesar de parecer extremamente fraca, sua execução seja ótima e a torne bem marcante para quem joga.
Seus temas são simples e bem aprofundados, chegando direto ao que quer. Tudo é convincente e, quando Devil May Cry 3 se leva a sério, ele realmente funciona bem, o que acaba sendo um mérito pelo foco dos jogos serem justamente o contrário (gameplay). Temos aqui uma história sobre família e as maneiras de lidar com dor e os problemas, com mensagens diferentes que tentam motivar o público com suas próprias determinações. Devil May Cry 3, em sua campanha, funciona perfeitamente e sabe muito bem dos seus problemas ou limites. Funcionando também como uma prequel que respeita e casa com os outros jogos, é fácil considerar DMC3 (irei chamar assim pra encurtar agora) como um dos trabalhos mais competentes do seu gênero hack and slash, sendo interessante, bem-escrito e executado.
Como citado antes, Devil May Cry 3 foi um jogo que revolucionou o próprio subgênero criado por ele, no caso, o character action, uma variável do hack and slash que se baseia em executar os mais variáveis combos com o maior estilo possível, em que você recebe um grande arsenal e técnicas para isso ao invés de apenas sair destruindo tudo. Devil May Cry 1 trouxe esse subgênero muito bem, com uma lista de opções que mostrava um grande potencial que foi alcançando conforme os anos, apesar de ser uma antiga versão de Resident Evil 4 (3.5, no caso) e ter esses vestígios no jogo original. Devil May Cry 2 não fez nada inovador e foi extremamente inferior em tudo, surgindo então a oportunidade de Devil May Cry 3 mudar tudo. Jogos character action podem parecer simples no começo e serem jogados assim, mas suas mecânicas se desenvolvem para motivar os jogadores a fazerem os mais complexos combos. Mas, como DMC3 mudou tudo isso, o que ele expandiu e fez para ser usado de referência por mais de 15 anos? As respostas para isso estão nos sistemas e ideias que Itsuno teve no jogo.
Devil May Cry 3 apresenta uma série de sistemas característicos da franquia, com adições que ficaram marcadas dentro dos outros jogos. Eles, além de deixarem o jogo mais rico mecanicamente, tornam tudo mais liso e divertido ao sermos motivados a aprender ou dominar totalmente cada um deles. Então, vamos falar mais sobre eles sem tentar deixar tudo complicado (ainda não).
Styles:
Provavelmente, foi a melhor adição que Devil May Cry 3 trouxe para fazer Dante se consagrar como um dos personagens mais complexos de se jogar, sendo definidos aqui por seis estilos totalmente diferentes que mudam completamente o jogo e a forma de se avançar, sendo eles:
─ Tʀɪᴄᴋsᴛᴇʀ: estilo mais focado em se esquivar e se movimentar rápido, em que, ao apertar o botão de ação, Dante se teletransporta para a direção em que o jogador escolhe. Além de deixar a gameplay mais rápida, maiores sequências de combos podem ser feitas ao evolui-lo (além de adições extremamente úteis).
─ Gᴜɴsʟɪɴɢᴇʀ: estilo focado nas armas à longa distância de Dante, com as quais o combate inteiro pode ser definido. Cada arma tem uma reação, evolução e até ação diferente dependendo da situação e o que o jogador está fazendo. Além do estilo, cada arma possui três níveis de evolução, sendo extremamente útil para um combate mais seguro ou para manter sequências de combos enquanto alterna entre atirar e atacar.
─ Sᴡᴏʀᴅᴍᴀsᴛᴇʀ: estilo focado nas Devil Arms que Dante consegue ao decorrer do jogo, cada uma com sua série de habilidades, progressão e estilo próprio de se jogar. Ao utilizar o Swordmaster, cada uma delas possui uma ação diferente e sequências novas, abrindo todo o potencial delas. Assim como o Gunsliger, essas ações podem mudar de acordo com a situação e com o que o jogador fizer, sendo extremamente útil para o combate quando se precisa de uma dose extra de dano ou uma sequência com combos bem maiores.
─ Rᴏʏᴀʟ Gᴜᴀʀᴅ: estilo focado em defesa e o mais difícil de se dominar na franquia toda, assim como um dos mais úteis. Ao apertar o botão de ação, Dante entra em modo defesa, aguentando os ataques conforme você evolui o estilo. Enquanto ele segura, o jogador pode refletir um ataque enviando o dano diretamente para qualquer um no cenário; porém, isso só funciona quando é executado exatamente no momento certo. Apesar de difícil de dominar, é extremamente útil para praticamente todas as situações do jogo.
─ Qᴜɪᴄᴋsɪʟᴠᴇʀ: estilo de Dante capaz de "parar" o tempo durante um curto período de tempo. Ele pode ser usado na criação de situações mais táticas a favor de combos maiores ou para fugir em casos mais específicos.
─ Dᴏᴘᴘᴇʟɢᴀɴɢᴇʀ: estilo de Dante com o qual ele consegue criar uma sombra de si mesmo que repete suas ações ou age livremente para ajudar no combate, gastando a barra de Devil Trigger para isso, sendo extremamente útil em situações mais complicadas com grandes números.
Ranks:
Sistema comum durante toda a franquia e que define o quão bem o jogador está usando as mecânicas pelos combos, variedades e o que ele faz, impedindo-o de repetir sempre as mesmas técnicas. É separado, então, por sete categorias difíceis de se manter, sendo elas:
─ Dᴏᴘᴇ: o pior e primeiro nível de rank, definido pela inicial D. Ele é atingido após uma pequena sequência ser iniciada ou vai para ele de acordo com o dano que o jogador leva.
─ Cʀᴀᴢʏ: segundo nível de rank, definido pela inicial C. Ele é atingido quando se aumenta a sequência anteriormente iniciada, também abaixando para ele de acordo com o dano que o jogador leva.
─ Bʟᴀsᴛ: terceiro nível de rank, definido pela sua inicial B. Ele é atingido quando a sequência é mais ampliada para algo ainda mais complexo, abaixando quando se leva dano em níveis maiores.
─ Aʟʀɪɢʜᴛ: quarto nível de rank, definido pela sua inicial A. Atingido quando o combo se torna complexo, é considerado um dos melhores e o primeiro antes de alcançar os mais complicados. Também é possível que vá para ele dependendo de qual S o jogador está na hora de levar dano.
─ Sᴡᴇᴇᴛ: quinto nível de rank, definido pela inicial S. Quando o combo é complexo e começa a se manter, ele acaba sendo o primeiro que aparece, prosseguindo para os outros apenas pela variação de técnicas, também diminuindo caso o jogador leve dano.
─ SSʜᴏᴡ ᴛɪᴍᴇ: sexto nível de rank, o SS é quando as coisas ficam mais complexas, precisando ampliar tudo o que foi feito em maiores sequências sem levar dano para isso.
─ SSSᴛʏʟɪsʜ: o último nível de rank e o melhor, SSS é quando se está dominando totalmente a situação com estilo. Após alcançá-lo, basta continuar o bom trabalho para finalizar com estilo ou perder seu rank ao levar dano.
Skills:
Antes de iniciar uma missão, é possível entrar em uma opção de customizar o Dante. Lá, pode ser aberta uma seleção de itens que varia entre cura, dano, aumento de alguma habilidade ou vida, uma seleção de estilo ou armas para utilizar durante a missão e, é claro, a Árvore de Skills do jogo que se monta de acordo com qual Devil Arm escolhe. Também é possível encontrar santuários durante as missões para fazer exatamente a mesma coisa.
Battle:
Agora vamos para o rico sistema de combate que DMC3 apresenta e seus sistemas aplicados no Level Desing do jogo, que, por sinal, são muitos:
─ Tᴇᴍᴇɴ﹣ɴɪ﹣ɢʀᴜ: basicamente, é o mapa do jogo que se constitui na Torre e uma pequena parte da cidade. Subindo pelos andares e desbloqueado novas habilidades, é possível achar atalhos e outros meios de explorá-la ou transitar entre as salas. Com cada local sendo bem definido, o jogo deixa livre para exploração e conexão entre as áreas.
─ Sᴇᴄʀᴇᴛ Mɪssɪᴏɴs: espalhadas pelas áreas, existe uma série bem variável de missões secretas e temos que passar por algum desafio nela, estando sempre bem escondidas para motivar o jogador a explorar tudo.
─ Bʟᴏᴏᴅʏ Pᴀʟᴀᴄᴇ: após finalizar o jogo, é liberada uma arena chamada Bloody Palace composta por 10000 níveis. Nela, Dante ou Vergil enfrentam várias ordas de inimigos cada vez mais complexos até chegar aos chefes, com a dificuldade aumentando cada vez mais, sendo necessário para vencer o desafio tática, habilidade, treino e muita paciência.
─ Tᴀᴜɴᴛ: é possível apertar um botão específico para isso, e Dante ou Vergil executam uma humilhação que vai de acordo com o rank, servindo tanto para aumentar ou para mantê-lo.
─ Dᴇᴠɪʟ Tʀɪɢɢᴇʀ: liberado após a primeira luta com Vergil, Dante pode usar seu lado demônio por um certo tempo, todos os seus atributos são aumentados ao máximo e até sua vida é recuperada, carregando de acordo com o dano recebido ou os ataques.
─ Wᴇᴀᴘᴏɴ ᴡʜᴇᴇʟ: Dante pode carregar duas armas de cada tipo, curta e longa distância, abrindo opções variadas entre suas Devil Arms e estilos que deixam o combate bem mais complexo.
─ Cᴏᴍʙᴏs: é o maior atrativo e o que DMC3 faz de melhor, dando uma lista infinitas de opções e técnicas para fazer as sequências mais complexas. A partir disso, entra toda parte complicada do jogo.
Se Devil May Cry 3 tem algo em sua gameplay é definitivamente a complexidade. Apesar de eu falar da maioria dos sistemas não parecer grande coisa, quando se coloca a mão no controle ou se começa a fazer uma pesquisa mais aprofundada sobre o que jogadores mais experientes fazem, você entra em um mundo totalmente diferente. Inúmeras técnicas, treino mental, combos mais complicados que a minha vida amorosa e uma série de coisas que tornaram DMC3 o character action mais complexo durante 15 anos são vistas, sendo apenas superado por Devil May Cry 5, que pega grande parte das mecânicas e une as boas ideias (mas mal-aproveitadas) de Devil May Cry 4. Apesar de parecer um cenário hostil para se entrar, tentar entrar nessa parte da fandom é bem fácil, com pessoas receptivas ensinando detalhadamente cada comando ou combo que fazem um arsenal de vídeos que cresce até hoje.
Mas não pensem que essas adições são recentes ou coisa do tipo, pelo contrário. Tivemos apenas algumas melhorias para facilitar o jogo ou adições que não interferem tanto no modelo original do game. Devil May Cry 3 é considerado um dos jogos mais difíceis do PlayStation 2, com sistemas que tornam tudo ainda mais complexo de se aprender. Desde suas raízes, DMC3 era para ser um jogo desafiador e que recompensa aqueles que dominam o game ao ponto de conseguir humilhar aqueles que antes causavam dor de cabeça. Itsuno e sua equipe conseguiram aprofundar perfeitamente o jogo de um jeito que fosse possível todos os jogadores zerarem e serem incentivados a fazer mais coisas, com até mesmo o Bloody Palace ajudando nisso tudo. A somatória de sistemas e tantos fatores unidos acabaram deixando Devil May Cry 3 marcado na história dos jogos ao ponto de que dificilmente vai sair ou deixar de ser usado como base para outros jogos. Acreditem, DMC3 é exatamente divertido e carismático ao ponto de você provavelmente nem ligar em tentar aprender as coisas mais complexas, o jogo realmente funciona melhor que qualquer escola, praticamente e tem uma série de vídeos disponíveis por aí para aprender.
Devil May Cry 3 possui consigo algumas versões que trazem novidades e diferenças que dão vida nova ao jogo, mas, antes de falar da do Switch que foi a mas chamativa, precisamos comentar antes sobre Vergil, além da diferença e vida nova para o jogo que ele traz junto. É possível liberá-lo após finalizar a campanha pela primeira vez, podendo fazer um novo jogo com Vergil, abrindo espaço para a campanha ou o Bloody Palace diretamente. Mas, apesar de parecer pouca coisa, isso realmente é algo significativo e importante o suficiente para os fãs que não aguentam mais esperar a DLC do Vergil em Devil May Cry 5 fazer um mod apenas para jogar logo com ele (e finalmente tivemos com o BELÍSSIMO BURY THE LIGHT). Utilizando suas Devil Arms de Boss com até o mesmo "moveset", temos uma gameplay totalmente quebrada e alucinante proporcionada por Vergil, ficando quase impossível não adorar a sensação de realizar seus golpes mais marcantes.
Além da Weapon Wheel completa, é possível evoluir as espadas que ficam em volta dele sem necessitar de algumas frescuras que Devil May Cry 4 possui (como precisar atirá-las antes de teletransportar). Apesar de termos a mesma campanha, Vergil mostra sua diferença de modo bem claro, ficando entre os jogadores sobre qual irmão preferir usar. DMC3, com apenas dois personagens jogáveis, conseguiu ser mais complexo e completo que muitos jogos durante 15 anos, sendo um verdadeiro feito que merece ser mencionado. Mas o que acontece quando eles vão além dessas novidades que Devil May Cry 3: Special Edition trouxe (como facilitar o jogo, Vergil e as já citadas)? Bem, isso acabou resultando em Devil May Cry 3 do Nintendo Switch (eu ainda não roubei um banco para fazer um tópico mais concreto).
No Nintendo Switch, a Capcom acabou decidindo relançar Devil May Cry e outros jogos para o console, com alguns recebendo novidades ou apenas um porte. Porém, com Devil May Cry 3, a situação foi totalmente diferente e impossível de se esperar. As coisas que trouxeram e as mudanças são tão significativas que, além de trazer um novo leque infinito de possibilidades, tornou-se a melhor versão de DMC3 (o que certamente pode ter compensado Dante não ter aparecerido no Super Smash Bros Ultimate). No Nintendo Switch tivemos então as seguintes adições:
─ Cᴏ﹣ᴏᴘ: agora é possível um co-op entre jogadores no Bloody Palace, que alterna entre Dante e Vergil, com todos possuindo moveset completo sem NENHUMA limitação ou fator que atrapalhe, abrindo possibilidade para combos em duplas ou situações ainda mais variáveis para jogadores experientes, além de, é claro, uma diversão garantida.
─ Sᴛʏʟᴇ sᴡɪᴛᴄʜ: agora, assim como em Devil May Cry 4 e 5, é possível que Dante alterne entre todos os seus estilos diretamente pela gameplay, tirando o sistema tático para um prático que abre a possibilidade de mudar totalmente a forma como jogávamos Devil May Cry 3.
─ Wᴇᴀᴘᴏɴ Wʜᴇᴇʟ: agora, também como Devil May Cry 4 e 5, é possível utilizar todas as Devil Arms de Dante em combate, alterando entre os combos e estilos de modo perfeito. Juntando com as outras adições, isso muda totalmente a forma de se jogar Devil May Cry 3.
Foram apenas três adições e que acabaram sendo mais significativas que todas as atualizações do Time Amino juntas. Isso acabou ficando tão claro para quem joga que a versão de Nintendo Switch agora é considerada como experiência definitiva de DMC3, mudando totalmente o modo como jogamos por mais de 15 anos. Literalmente um prato cheio para fãs ou qualquer dono de Switch a fim de experimentar um grande clássico. Patchs estão sendo feitos ainda, mas essa foi uma notícia tão boa de receber que não pude deixar de fora.
Devil May Cry 3 tem uma visão interessante de trilha sonora até nos chefes onde toda a letra pode mudar conforme a batalha por causa da visão de quem estaria dominando o combate (caso o jogador esteja indo bem, o tema seria o Dante cantando para o Boss e Vice Versa). Os temas de combate são ótimos e os do Vergil por exemplo sabem muito bem o clima e estilo necessário para o momento da luta, apesar do terceiro tema não ser tão épico quanto os dois primeiros. Algo especial em character action que foi definido por Devil May Cry é sua trilha sonora marcante, ditando o ritmo do combate com uma ótima soundtrack de fundo, seja dinâmica ou já estabelecida. O melhor exemplo de quem aprimorou essa técnica foi Metal Gear Rising, porém DMC3 não está nada atrás. Com músicas misturando metal com gospel, temos aqui alguma das músicas definitivas para a franquia, seja nos chefes ou os próprios temas do Dante. Funcionando de modo perfeito para ambientar as lutas, um sentimento único é criado após zerar o jogo e passar pelos temas marcantes de Vergil, por exemplo, sendo uma ótima soundtrack com sentido na trama (ao se olhar a letra) e gameplay. Ajudou, inclusive, a definir muito bem o estilo de músicas que Devil May Cry possui até hoje e certamente é um álbum que além de clássico, merece ser ouvido por todo e qualquer fã de uma boa música.
Agora, indo para as notas:
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• Gameplay: 10/10;
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• Aspectos gerais: 9/10;
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• Trilha sonora: 9/10;
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• História: 8/10;
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• Personagens: 8/10;
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• Nota geral: 8.8/10.
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Devil May Cry 3 é um jogo que definitivamente tem o meu selo de aprovação para aqueles que buscam um desafio e sistemas complexos, mas divertidos de se dominar. Ele é um jogo bem acessível e uma ótima chance para se entrar na franquia, apesar que para isso recomende mais o 4 ou o 5. E respondendo a resposta do começo, sim ele merece todos os elogios e estado avaliativo que tem, não deixem esse jogo de fora e obrigado pela leitura!
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