Choraste com Erased? - Acabando com sua nostalgia
Assisti Erased já faz algum tempo, mas somente agora me deu ânimo de comentar sobre o quão frustrante foi a minha experiência com esse animê. Querendo retornar ao meu antigo hábito de consumir desenhos japoneses, dei uma chance para esse velho "mainstream" que todos rotulam como triste ou marcante, dando destaque para a protagonista feminina adorável e sofrida. Admito que, no início do primeiro episódio, já fiquei interessada pela premissa, envolvendo viagem no tempo e tragédias de forma até bem ligeira. Morte, arrependimento e fracasso não são tão comuns em uma obra desse nicho, dependendo de como a narrativa pode usar esses elementos seriamente e sem se desviar do clima fúnebre, vulgo sua própria essência. Digo isso porque parece que várias animações tendem a diversificar em seus gêneros, perdendo sua base para atrair múltiplos públicos e, no final, acabando como qualquer coisa decepcionante e esquecível. Não foi o caso de Erased, porém, é visível como o animê ficou receoso de arriscar-se no âmbito de choque e imprevisibilidade, seu brilho inicial, para entregar um final feliz, justificado-se com drama pastelão e mal-elaborado. Irrita-me como obras do tipo tem medo de fazer um encerramento amargurado, tornando obrigatório o padrão com todos sorridentes, exceto o vilão, claro.
Você deve estar estranhando meu pensamento por desejar uma conclusão triste, não? Não é morbidez minha (okay, só um pouco), mas o roteiro continha depressão, perda de esperança e sacrifício, o final mais decente traria pelo menos um pouco dessa essência para manter a sincronia rítmica dos acontecimentos e suas ambientações. Ocorreu exatamente o contrário mais novelesco possível: protagonista poupado, deixado em coma por anos até ter um acerto de contas com o psicopata que se afeiçoou a ele, tendo direito a um puff gigante no lado de fora do hospital. Não entendo o porquê dessa necessidade de tentar apressadamente humanizar os antagonistas, como a mãe psicótica ou o assassino em série de crianças — releia isso em loop. Exceto o personagem principal, todos não possuem um bom desenvolvimento na trama acelerada, mal-acabada e com um elenco limitado ao papel funcional em torno do Satoru (lembrei o nome dele). Falando nisso, uma obra de mistério e suspense não merecia um elenco maior? O assassino era tão óbvio que ofendia a saúde mental do espectador com o protagonista queimando os neurônios na investigação. O animê acabou censurando e não adaptando algumas coisas do mangá, como o passado do "serial killer" (não é só o hamster), tornando-o superficial na animação. O enredo principal em si é pesado, não compreendo o porquê de terem retirado mais fatores que enriqueceriam a história.
Primeiramente, quero explicar que, para mim, há duas opções de finais satisfatórios nesse tipo de contexto:
• O pacífico, que, após inúmeras atribulações, finaliza-se com uma superação ou ar de esperança, aliviando o público, mas não anulando o passado, como no mangá Oyasumi Punpun, no qual foi realizado de maneira sutil;
• O trágico, em que a tensão da história mantém-se linear até os últimos momentos, surpreendendo o público por criar uma falsa expectação e deixando um gosto ruim na boca por tal desfecho desagradável, por exemplo, o filme Filth.
Antes de assistir o animê, recebi um falso spoiler que me fez acreditar no final trágico, empolgando-me bastante com o passar dos episódios e tendo o questionamento de como o Satoru falharia, afinal, isso é o menos esperado. Na primeira retomada ao passado, ele perde, deixando a trama transbordando de tensão com injustiças e mortes impiedosas logo após uma cena inocente, sendo o ápice da série. Em seguida, o protagonista retorna outra vez e erra por descuido com o assassino, gerando, assim, sua própria morte. Até esse ponto, o animê tinha me ganhado por essas rasteiras e contrastes emocionais que a história fazia freneticamente. Eu não sei o que aconteceu, sério. Assassino aposentado e herói dos afogados? Satoru em coma por anos? "Timeskip" que se forçar mais, defeca? Fiquei muito desapontada por tal desfecho medíocre, além de furiosa pelo falso spoiler. Claro que foi uma boa experiência, o animê não é ruim, no entanto, não teve "culhões" o suficiente para prosseguir no mesmo nível (adicione o meme do Doge bombado aqui). Só para esclarecer, também não diria que foi um encerramento pacífico, como citei antes, já que se concluiu convenientemente feliz e óbvio, apagando toda aquela carga pesada que nos introduziram.
Pontinhos:
• O amigo loiro do protagonista poderia ter ganhado um foco decente no futuro, já que sua relação de amizade na infância pareceu honestamente profunda;
• O animê foi "rushado" até chegar naquela conclusão de "Peppa Pig", por isso, gostaria que apenas fosse finalizado no décimo episódio;
• Como o elenco pode ser tão pequeno assim? A protagonista se muda e, anos depois, aparece casada com o amigo andrógeno do Satoru? Eu não reclamo pelo casal principal ter ficado separado, mas, sim, por essa economia de personagens. Poderia ter casado com qualquer um, pô;
• Notou que Satoru, quando retornou ao passado pela primeira vez, não demonstou nenhuma reação após presenciar seu amigo andrógeno em vida, o qual também foi assassinado? Sentiu de longe a áurea de talarico;
• Uma coisa que me chateia é quando o animê só tem uma música triste e fica repetindo em toda cena dramática. Erased abusa disso, analise;
• Não sou boa lembrando nomes;
• "Ué, cadê os tópicos do blog?". Sinceramente, só fui formulando naturalmente com pensamentos aleatórios que brotaram na minha mente. Espero que tenha conseguido acompanhar minha linha de raciocínio bagunçada.
Estão justificando o comportamento bestial da mãe psicótica. A filha abusada:
Lembrando que este blog não é uma crítica séria, apenas um desabafo pessoal. Se quiser discordar, sinta-se à vontade. Grande abraço!
Apenas altas gargalhadas, amigo.
0 Comentários